quinta-feira, 16 de maio de 2013

O dilema da criatividade

Fator chave nos agentes causadores de transformação, a criatividade não funciona como o pensamento lógico ou matemático, nos quais o esforço e concentração servem para manter a linha de raciocínio. Não, estudiosos afirmam que a criatividade funciona de maneira diferente. Eles dizem que a criatividade está associada ao estado que eles chamam de “fluxo”, uma condição de imersão total em atividade criativa, com entrega total ao dever, que chega a ser considerado um estágio de perda da autoconsciência. Nos cérebros estudados, foi percebida uma mudança significativa na atividade cerebral durante improvisação criativa, que ocorre sem qualquer interferência, supervisão ou controle. Ou seja, a criatividade é uma condição cerebral específica, na qual o cérebro passa por uma “recalibragem”, e isso permite à pessoa atingir o estágio de fluxo, resultando em algo completamente criativo, novo e original.

Estudos indicam que esse potencial criativo precisa de algumas condições ideais para se desenvolver. Organizações com estruturas hierarquizadas, culturas organizacionais coercitivas, chefes centralizadores e ambientes onde existe competitividade hostil minam a criatividade. Mas se isso é tão óbvio assim, por que as empresas insistem nesse modelo que sufoca o processo criativo?

Alexandre Romeiro, em sua dissertação de mestrado à FGV-EAESP, fez um estudo com profissionais que são entre os que mais fazem uso da criatividade como modelo corporativo: os publicitários.

Romeiro concluiu que os profissionais que mais deveriam ser afáveis à criatividade, na verdade, são os que a tratam na base da pressão e tensão. Nada mais prejudicial ao fluxo criativo que isso.

Romeiro destaca quais são os fatores mais prejudiciais e que as agências de propaganda insistem em manter: a natureza coletiva do trabalho, a pressão do tempo e a tensão entre a inovação e a aceitação. Com isso a criatividade vive na corda-bamba, não só nas agências. O mercado hoje em dia celebra a inovação, mas se esquece de que o pai da inovação é a criatividade. E hoje, ser um criativo é conviver diariamente com a incerteza e a frustração.

Fonte da imagem: Corbis Images 

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