sexta-feira, 26 de abril de 2013

Universalização do acesso à água é lenta demais

Em pleno século XXI, ainda temos cenas lamentáveis de famílias que não possuem acesso a tratamento de água. A estimativa é que cerca de 70 milhões de pessoas descartem seu esgoto em rios, sem nenhum tipo de tratamento. Isso é uma situação crítica para um país que se estima ter cerca de 40 milhões de litros de água doce por habitante, e onde apenas 30% da população têm acesso a isso.

Os especialistas dizem que o problema é crônico e está atingindo o país por diversos motivos. No sul do Brasil, existe uma demanda alta por parte da irrigação das plantações de arroz, que passam dos dois milhões de hectares plantados. A Grande São Paulo usa 430% mais água do que a capacidade dos reservatórios da região, por seu grande número de pessoas. Já Rio de Janeiro e Belo Horizonte sofrem com a ineficiência de seus sistemas de abastecimento, sem contar o drama que vive o Nordeste. "O problema da água no Brasil não é só a seca. É mais um problema de gestão do que fenômeno físico", afirma Gesner Oliveira, professor de economia da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP).

O governo trabalha no plano de universalização do acesso à água em todo o país, mas o projeto caminha em passos lentos. Ainda que haja efetividade na extensão da rede de esgoto, muitas vezes, existem perdas que agravam o problema. Vazamentos, ligações irregulares, falta de hidrômetros ou calibragem podem significar 38% de perda em todo o país. No Amapá, as perdas chegam a 74%. Alagoas 66%. São Paulo tem 32,6%. A menor é no Mato Grosso, com 19,7%, mesmo assim um número elevado. Mas ainda que esses problemas sejam resolvidos, existem áreas com muita defasagem de tratamento de esgoto digno para as famílias. Apenas o estado de São Paulo e o Distrito Federal possuem uma cobertura de esgoto superior a 90% da região. Maranhão, Pará, Rondônia e Acre, por exemplo, têm entre 40% e 60%. O Amapá tem menos de 40%.


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